Vamos falar sobre pacientes que usam gastrostomia?
Leila Hamra de Sá
Sabemos que a gastrostomia (GTT) é um procedimento cirúrgico indicado para pacientes com diagnóstico de disfagia e desnutrição, que necessitam deste recurso por tempo prolongado. Faz-se uma incisão no abdômen da criança, conectando o estômago a uma sonda de alimentação. Desta forma o paciente pode receber um aporte calórico líquido ou pastoso, industrializado ou não, garantindo hidratação e nutrição.
Quando um paciente realiza este procedimento, temporário ou definitivo, a equipe indica a avaliação fonoaudiológica.
O fonoaudiólogo formado pelo conceito neuroevolutivo contemporâneo Bobath, faz análise de tarefa e avalia os componentes de movimentos orofaciais e nas atividades alimentares para promover a melhora da biomecânica de deglutição, respiração, mastigação e fonação. O objetivo é a reintrodução gradativa de alimentação por via oral e desmame da GTT.
Além disso considera todos os sistemas (gastrointerstinal, proprioceptivo, cardiorrespiratório, músculoesquelético, cognitivo, visual dentre outros), valorizando as capacidades funcionais para traçar condutas, orientar familiares e/ou cuidadores, melhorando assim atividade e participação.
Deve-se garantir inicialmente, que o paciente continue realizando a deglutição de saliva, por meio de exercícios funcionais com terapia direta ou indireta, principalmente para proteção das vias aéreas. Posteriormente serão selecionadas as melhores texturas, utensílios e formas para iniciar o trabalho motor oral.
Um estudo publicado em 2018 na revista Codas avaliou a eficácia da terapia fonoaudiológica baseada no conceito neuroevolutivo contemporâneo Bobath em crianças com disfagia e que faziam uso da GTT. Os resultados mostraram que houve melhora da deglutição, na redução do tempo de alimentação e na frequência de administração de dieta via GTT em comparação com o grupo controle.
Outro estudo publicado em 2021 na revista Journal of Pediatric Rehabilitation Medicine avaliou a eficácia da terapia fonoaudiológica baseada no conceito neuroevolutivo contemporâneo Bobath em crianças com paralisia cerebral e disfagia. Os resultados mostraram que a intervenção foi eficaz na melhora da alimentação por via oral e na redução do uso da GTT.
Vale lembrar que a interação da criança com a família e a construção de memória afetiva são de extrema importância, pois ajudam a criar um ambiente acolhedor e seguro, sendo decisivo para o sucesso da intervenção fonoaudiológica.
Bibliografia
Ribeiro, T. B., Souza, A. C., Padovani, C. R., & Dantas, R. O. (2018). Efficacy of speech therapy based on the neuroevolutive approach (Bobath concept) in children with dysphagia and gastrostomy. CoDAS.
De Oliveira, M. S., Stivanin, L. M., & Martinelli, L. A. (2021). Effectiveness of the neurodevelopmental treatment (Bobath concept) on oral feeding improvement in children with cerebral palsy and dysphagia. Journal of Pediatric Rehabilitation Medicine.
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