Disfagia e Intervenção Fonoaudiológica Precoce
Leila Hamra
A disfagia é a dificuldade na deglutição de alimentos com diferentes consistências e saliva em qualquer etapa do trajeto da boca ao estômago. Ocorre como consequência de outras enfermidades e pode acarretar pneumonias aspirativas, desnutrição e desidratação. Existe uma alta incidência da disfagia em crianças com desordens neuromotoras.
São vários os fatores para a ocorrência de alterações na deglutição de crianças com paralisia cerebral, síndromes neurológicas com mal formações cranioencefálicas e outras condições que afetam, dentre outros sistemas, o neuromuscular, o músculo esquelético e principalmente o somatossensorial. Reabilitar o quadro disfágico significa conquistar uma deglutição sem riscos de aspiração laringo traqueal e manter os aspectos nutricionais e de hidratação. Sabe-se, também, da estreita relação entre o desenvolvimento do controle postural e a aquisição de habilidades motoras orais.
Bebês de risco e/ou com diagnóstico de lesão do sistema nervoso central muitas vezes conseguem se alimentar com eficácia nos primeiros meses de vida. Com o passar dos meses, o crescimento ósseo leva ao afastamento das estruturas orais, que pode trazer como consequência a desorganização das funções alimentares comprometendo a deglutição, causando, por exemplo, o aumento da ocorrência de engasgos e do tempo de alimentação. Outra consequência notada é a dificuldade na progressão das texturas e consistências do alimento, bem como a recusa alimentar. É o caso de crianças que iniciam a introdução alimentar com alimentos batidos ou coados e que não conseguem deixar essa consistência. Manter esse padrão de alimentação por muito tempo, ocasiona problemas do ponto de vista nutricional e de aquisições de habilidades motoras orais.
Para o tratamento da disfagia em neuropediatria, o raciocínio clínico fonoaudiológico no Conceito neuroevolutivo contemporâneo Bobath analisa quais são as capacidades funcionais e limitantes da criança em seu ambiente familiar. Avalia estruturas e funções corporais e estabelece quais são os objetivos de participação baseado no desejo e necessidades da família e da criança.
O atraso no encaminhamento para a fonoterapia pode reduzir o desempenho do sistema sensório motor oral e consequentemente a aquisição de habilidades que envolvem alimentação e desenvolvimento de fala. Sendo assim, é de extrema importância que o fonoaudiólogo avalie, oriente e, se necessário, faça a intervenção precoce destas crianças, inclusive de forma preventiva, para que a introdução alimentar ocorra de forma segura e tranquila, junto ao acompanhamento de toda a equipe multidisciplinar.
Referências Bibliográficas:
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- ppgfono.ufsc.br, 2020.
- Redstone, F., (2014) Effective SLP interventions for children with cerebral palsy: NDT/Traditional/eclectic/, Plural Publishing.
- Vianna, C. I. O. Suzuki, H. S. Paralisia Cerebral: Análise dos padrões de deglutição antes e após intervenção fonoaudiológica. Revista CEFAC, 2011.
- Telles, M.S.,(2008). Relação entre desenvolvimento motor corporal e aquisição de habilidades orais.
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