HANDS-ON

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Patrícia Pellon

 

 

Desde sua origem o Conceito Neuroevolutivo Bobath tem como princípio que o terapeuta deve guiar/ facilitar o movimento do paciente através dos pontos de contato, ou pontos-chave.

A facilitação do movimento é primordialmente “hands-on”, ou seja, as mãos do terapeuta devem ser colocadas em partes específicas do corpo do paciente, promovendo alinhamento biomecânico, auxiliando a estabilidade, estimulando a ativação muscular e prevenindo movimentos compensatórios em locais específicos de acordo com a necessidade de cada um.

“A facilitação pode ser comparada com uma dança entre duas pessoas, onde uma lidera, mas não domina a outra. O terapeuta é o professor de dança e inicialmente responsável por conduzir com movimentos guiados, não empurrando ou puxando o paciente. Para ser um parceiro de dança, o terapeuta deve ser parte do movimento. Em outras palavras, as mãos e o corpo do terapeuta devem se mover junto com o paciente…Enquanto as mãos do terapeuta facilitam a transferência de peso corporal do paciente, todo o corpo do terapeuta se move para influenciar o movimento do paciente. Se o terapeuta permanecer parado, ele bloqueia o movimento do paciente”

As mãos do terapeuta têm grande influência sensorial. As mãos se comunicam com o paciente, transmitem e recebem informações e, por isso, devem ser colocadas cuidadosa, respeitosa e propositalmente se adequando de forma leve e firme ao corpo do paciente. Ao passo que o paciente adquire mais controle, ativação e/ou alinhamento, as mãos do terapeuta devem diminuir sua influência, permitindo que o paciente se torne mais ativo.

Os pontos-chave ou pontos de contato devem estimular o ventre muscular. O estímulo tátil promove uma leve contração muscular, que seria insignificante em uma posição estática, mas é de bastante influência durante a transferência de peso corporal. As mãos do terapeuta frequentemente se posicionam nos segmentos proximais ou no tronco para proporcionar estabilidade e/ ou mobilidade. Os segmentos distais também podem ser facilitados e devem ser usados quando o paciente apresenta melhor controle proximal.

As mãos dos terapeutas não devem segurar em partes ósseas, como a crista ilíaca, por exemplo.

O terapeuta deve ser capaz de avaliar o movimento do paciente e identificar os motivos cinesiológicos e biomecânicos de porque se movem de tal forma e a partir disso saber solucionar o problema.

A motivação é o que nos move. Por isso o terapeuta deve organizar o ambiente com estímulos específicos para a idade e condição motora de cada paciente para que o movimento ocorra intencional e ativamente proporcionando aprendizado motor e neuroplasticidade.

Princípios da facilitação

  • 1- A orientação deve ser individual, personalizada
  • 2- O terapeuta deve planejar a sequência da facilitação do movimento e planejar o ambiente
  • 3- Como uma dança, deve haver entrosamento entre paciente e terapeuta
  • 4- A facilitação ocorre através das mãos e da organização do ambiente para execução de uma tarefa,
  • 5- Aguardar o tempo de resposta de cada paciente
  • 6- Estimular a motivação para o movimento
  • 7- Adaptação da facilitação para cada paciente
  • 8- Escolher pontos de contato ótimos, alinhamento biomecânico, base de suporte e amplitude de movimento
  • 9- Permitir que o paciente aprenda com erros
  • 10 – Fazer prática variada e com repetição

Objetivo da facilitação:

  • 1- Permitir que o paciente alcance seus objetivos funcionais
  • 2- Guiar o paciente durante a sequência de movimentos funcionais
  • 3- Ganhar controle postural durante as atividades funcionais
  • 4- Ganhar amplitude de movimento articular
  • 5- Ganhar alongamento muscular
  • 6- Ganhar ativação/ força muscular
  • 7- Ganhar estabilidade articular
  • 8- Desenvolver uso efetivo de resposta e antecipação (feedback e feedforward)


BLY, Lois & WHITESIDE, Allison. Facilitation Tecniques Based on NDT Principles. San Antonio: Terapy Skill Builders, 1997

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